Antes do raiar de um novo dia

Quando a noite chega
Mais uma página se completa
Cada um de nós escreve a sua história
É mágico pensar que entre a página escrita e a que está nua
Existe um lugar onde somos conduzidos e induzidos a sonhar
E é lá que se define como a próxima página vai começar.

(JOANA TIEMANN)

O livro e o leitor

Livro na estante
Sonhava ser viajante
Coitado
Ali largado, fechado, empoeirado
Sem valor

Triste destino o seu viver
Ficou à mercê do tempo
Isento de quem o quisesse ler

Mas se algum dia
Por ali passar um sonhador
Que grande alegria
Refaz-se a harmonia
O livro e o leitor.

(JOANA TIEMANN)

Saudade fria

Se hoje a saudade bater forte no meu coração
Eu não vou chorar
Eu vou guardar ela só pra mim
Porque assim
Os outros não perceberão

Não quero dividir nem multiplicar a minha dor
Saudade é fria
Prefiro dar aos que estão a minha volta
Um dia cheio de calor

(JOANA TIEMANN)

Uma noite sem poesia

A noite fria engoliu a lua
Deixou as ruas vazias
Solidão

Não teve piedade dos apaixonados
Tirou a inspiração dos poetas
Frustração

O que eu vejo pela minha janela
É uma noite determinada a não mudar nada
Escuridão

Só resta ir dormir, então!

(JOANA TIEMANN)

Refém dos pensamentos

Andou distraída pelas ruas
Como se não houvesse mais ninguém
Em sua mente
Pensamentos a fizeram refém

Que distração foi essa
Nas ruas havia gente à beça
Andou, andou
E não viu ninguém

(JOANA TIEMANN)

Horas de solidão

Dona Ana olhando pela janela
Só a chuva fina conversa com ela
Olhar perdido
No entardecer que gela

Dona Ana esperando de sentinela
As horas passarem diante dela

(Horas de solidão)

Para ela faz sentido
Deixar esquecido
O amor ido do seu coração

(JOANA TIEMANN)

Jurar em falso é pecado

Jurar em falso é pecado
Isso tu sabes, eu sei
Tu juras ficar comigo
Eu te sigo e juro também

O nosso amor protegido pela verdade
Verdade minha
Verdade tua
E de mais ninguém

Um amor abençoado
Por juras, eternizado
Amém!

(JOANA TIEMANN)

Antes que o dia acorde

Sentir o vento bater no rosto
Uma manhã de domingo
Temperada a gosto

A rua do silêncio quer falar
A moça caminha apressada para chegar a tempo da missa das nove
Do resto quase nada mais se move

Além da moça, do vento e eu:
Um gato sonolento
Um cachorro briguento
E nada mais

Sinto-me dona desse mundo
Por alguns segundos pensei em gritar
Declamar a minha poesia
Um bom dia
Para quem quiser escutar

Porém
tudo parece tão perfeito do jeito que está
que decido terminar meu passeio em silêncio
na rua que até agora era só minha

Opa! barulho na casa vizinha
O dia enfim
vai acordar

(JOANA TIEMANN)